Palmeiras



Introdução: São plantas monocotiledôneas( presença de apenas um cotilédone na semente e folhas com presença de nervuras paralelas).
As palmeiras pertencem a família Arecaceae( Palmae) na nomenclatura técnica.
São representadas por cerca de 2700 espécies reunidas em mais de 240 gêneros. Algumas são conhecidas por nomes vulgares que as identificam satisfatoriamente, mas muitas não os possuem ou, , se possuem, dão origem a uma grande confusão por serem aplicados a plantas totalmente diferentes.
Por esse motivo devem ser  sempre conhecida por nome botânico.

O nome botânico é formado principalmente por duas palavras, que representam, respectivamente, o gênero a que pertence, além de de uma terceira ou mais que designa o nome do autor da espécie.
Um único gênero pode ter muitas espécies, indicando um grau de parentesco que possuem entre si.

Utilidades das Palmeiras: As palmeiras juntamente com as árvores, arbustos, gramados e pantas rasteiras constituem elementos componentes de parques e jardins. Trata-se das plantas mais características da flora tropical, com capacidade de transmitir ao meio que são cultivadas algo do aspecto luxuriante e do fascínio das regiões tropicais. São por isso elementos importantes na composição do paisagismo nacional.







São consideradas as aristocratas do reino vegetal pelo porte altaneiro e elegante que as distinguem das outras plantas, características essas que as levaram a integrar a ordem Príncipes da Sistemática Vegetal, alusiva à posição nobre que ocupam.

Muitas palmeiras são de grande importância econômica pelos diferentes produtos que delas podem ser obtidos. Os produtos destinados à alimentação humana tem maior destaque e, nesse quesito, o "coco da bahia" ou coqueiro( Cocos nucifera) está em primeiro lugar, não somente na forma de frutos verdes para fornecimento de água de seu endocarpo, mas também de frutos maduros para produção de endosperma das sementes ralados, amplamente industrializados e utilizado nas culinária brasileira, bem como alguns derivados dela, como leite e gordura para vários usos.
É a única espécie nativa de palmeira amplamente cultivada no país para produção frutos.
Várias outras espécies nativas fornecem " palmito", tanto doce como amargo, amplamente consumidos em todo o país;







São mais produtivos e utilizados o Euterpe edulis( palmito juçara), Bactris gasipaes (pupunha), Syagrus oleracea ( guariroba) e Euterpe oleracea (açai) apenas a pupunheira e a guariroba são cultivados para esse fim.

outras palmeiras tem valor marginal como fornecedores de alimentos, principalmente de forma extrativistas, destacando-se neste grupo o babaçu-do-maranhão ( Attalea speciosa), como fornecedora de óleo comestível e industrial de suas amêndoas (sementes) que apesar de estar baseada inteiramente no extrativismo, tem grande importância  para as populações do norte do país.

Distribuição Geográfica: As palmeiras estão  entre as plantas mais antigas do globo e seus vestígios remontam há mais de 120 milhões de anos.
As palmeiras que hoje estão limitadas às regiões  da Ásia Tropical ocorriam na Europa Ocidental e atualmente diversas espécies são de grande interesse para o paisagismo das regiões temperadas onde o uso de palmeiras é muito restrito.

Entre as espécies nativas mais tolerante ao frio estão as do gênero Butia nativas da região sul do Brasil: Butia eriospatha, Butia microspadix, Butia odorata, Butia lallemantii e Butia yatay.

A maior ocorrência de gêneros e espécies verifica-se nas regiões de campos Rupestres de Minas Gerais, Goiás e Bahia, contudo, a maior concentração de plantas ocorrem na chamada "zona dos cocais", que abrange extensas  regiões, desde o Norte e Nordeste até o Centro-Oeste, caracterizada pelo babaçuais, carnaubais e buritizais, e, em direção ao Pantanal, os carandazais.


Características estruturais das palmeiras: As palmeiras apresentam desenvolvimento perfeitamente individualizado, caracterizado quanto à forma e aspecto sendo, contudo, como grupo, as mais diversificadas morfologicamente entre todas as monocotiledôneas e talvez todos os grupos do reino vegetal; apesar disso, são raramente confundidas com outros grupos de plantas, até mesmo pelas pessoas familiarizadas com as plantas em geral.

Como a maioria das plantas, de uma forma geral, possuem raízes, um caule ou estipe( geralmente sem ramificações aérea) folhas, flores, frutos e sementes e, como monocotiledôneas, possuem um broto terminal; este tem um único meristema apical que produz folhas, inicialmente na planta jovem
(muda) dispostas em direções opostas(dística), cujo arranjo persiste em algumas espécies na fase  adulta, na maioria dos adultos das espécies brasileira a disposição das folhas  torna-se helicoidal ou espiralada.




A filotaxia das plameiras adultas podem ter valor taxonômico em alguns grupos.
No broto da palmeira, o eixo de cada folha, potencialmente contém um broto e o alongamento do estirpe entre cada inserção foliar produz um entrenó; os diferentes tipos de hábitos das espécies de palmeiras resulta do desenvolvimento de brotos axilares;  o broto pode tornar-se um novo broto, formar uma inflorescência ou simplesmente pode abortar; o hábito cespitoso de muitas espécies resulta do desenvolvimento de novos brotos a partir de brotos localizados na base da planta;
nessas espécies, os brotos axilares da base da planta geralmente são vegetativos, enquanto os da parte distal transformam-se em inflorescência;
algumas espécies têm plantas de estirpe solitário e ou cespitoso.


Raízes: As raízes fixam a planta no solo e exercem a função de absorver água e alimentos. São cilíndricas subterraneamente, do tipo" cabeleira ou fasciculada,"no qual não distingue-se  uma raiz principal, sendo todas semelhantes.
Outras raízes podem aparecer no caule acima do solo, principalmente em regiões de mata úmidas.
 São raízes aéreas ou secundárias que podem ou não atingir o solo e complementar a função do sistema radicular.
Em algumas espécies de Chamaedorea formam-se essas raízes aéreas, mas estas nunca atingem o solo, enquanto na paxiúba ( Socratea exorrhiza) formam um suporte cônico fixado ao solo ( raízes escoras).






Raízes de coqueiro




Caules: Os caules das palmeiras tem o nome especial de estirpe ou estípite. Podem ser chamados didática e popularmente de caules. São alongados, cilíndricos ou colunares, geralmente sem ramificações e ostentam no ápice um tufo ou capitel de folhas.

Possuem estruturas diferentes dos troncos das árvores dicotiledôneas, visto que os destas, por serem dotados de câmbio, aumentam seu diâmetro por acréscimo de um novo anel ou uma nova camada.

O caule das palmeiras é duro e não possui casca no sentido que comumente compreende-se  como tal nas árvores. A medula central é esponjosa e cercada  por um anel protetor, forte, de fibras que formam numerosos feixes verticais de tecido condutor, xilemas e floemas. Sendo destituído do tecido cambial, uma vez formado não haverá aumento de diâmetro.

As palmeiras podem ter um único caule, simples, solitário, ou vários( múltiplos) , formando uma touceira. O caule de algumas espécies poderá ser subterrâneo , tornando-as aparentemente acaules.


Caules de Palmeiras





Palmeiras com caules ramificados são raras. O único gênero brasileiro que conta com espécies que podem ramificar, porém apenas dicotomicamente quando bem idosas, é a Allagoptera, das quais a mais notável é A, leucocalyx do Brasil central.

Certas palmeiras não possuem caule acima do solo e as folhas parecem surgir diretamente do chão. Na horticultura são denominadas acaules, mas possuem realmente caule subterrâneo. Após muitos anos, desde que não  sejam perturbadas e as condições favoreçam, o caule pode emergir e alcançar dezenas de centímetro fora da terra. O exemplo mais característico é oferecido pelo indaiá-do-campo
e pela pindoba-da-terra.


Attalea geraensis




As palmeiras que possuem caules com crescimento semelhantes ao das trepadeiras geralmente entouceiradas.

Os caules das palmeiras podem ser lisos, isto é, desprovidos de qualquer  revestimento; outros são revestidos durante muitos anos por bases remanescente do pecíolo de folhas já caídas a muito tempo.

Na carnaúba ( Copernicia prunifera) as bases remanescente aderem ao caule apenas na fase da juventude.

Os caules podem ser revestido de espinhos como o da macaúba ( Acrocomia aculeata).


Folhas: A palmeira apresenta uma grande variedade de folhas quanto ao tamanho, forma e divisão.
Em diversas espécies são muito grandes e constituem as maioria do reino vegetal como as de Raphia taedigera da região do baixo Amazonas que chegam a ter mais de 10 m de comprimento.

As folhas são formadas essencialmente por um eixo no qual são distinguidas três partes ou regiões: bainha, pecíolo e lâmina.

A bainha é a base ou região mais inferior que envolve caule, parcial ou totalmente.

O pecíolo é a continuação da bainha e consiste da parte  livre das folhas, curta ou longa. As margens são lisas, denteadas ou com espinhos e, em corte transversal, pode ser arredondado, na parte inferior e canaliculado ou côncavo na parte superior.

A lâmina ou limbo é a parte verde da folha, que pode ser inteira ou variavelmente dividida; possui, na parte central, a raque uma porção mais rígida que é a continuação do pecíolo.

As folhas divididas ou pinadas não são consideradas compostas na linguagem botânica pela origem inteira  destas, contudo, usa-se ocasionalmente o termo folíolo ou mais frequentemente pina para designar suas divisões.

Em função da forma, as folhas podem ser de dois tipos:

Em um deles, a lâmina é dividida e seus segmentos dispõem-se regular ou irregularmente ao longo da raque sendo chamado de pinadas e os segmentos de pina ( e ocasionalmente de folíolos). Algumas palmeiras possuem folhas bipinadas, isto é, a raque principal é ramificada e as pinas fixam-se nessas ramificações.


Inflorescências: As inflorescências, juntamente com as flores,  constituem a parte reprodutiva das palmeiras. São formadas por um conjunto de flores localizadas numa estrutura ramificada ou não.

Provém de gemas exclusivamente florais que formam-se respectivamente a partir da base das folhas e na maioria das palmeiras são laterais e axilares.

São formadas por três elementos: brácteas pedunculares, raques e ramos florais ou raquilas.

As brácteas são folhas modificadas que, no início, envolvem inteiramente as inflorescências. São chamadas também espatas e, com a expansão das inflorescências, podem cair ou persistir.

Raque é o eixo principal da inflorescência. Podem apresentar de diversas ordens como primárias, secundárias, terciárias, etc. As quais são as raquilas. As últimas ramificações comportam as flores.

As inflorescências podem ser do tipo espiga, racemos ou panícula.

A maioria da palmeiras são policarpas, isto é, as inflorescências formam-se sucessivamente ano após ano durante todo o período de maturidade.

Há palmeiras que emitem inflorescências terminais, no ápice do caule.

As palmeiras monocárpicas florescem uma única vez na vida.

As inflorescências são unissexuadas quando formada por flores exclusivamente masculinas ou femininas, quando as plameiras são ditas monoicas quando formam-se separadamente na mesma planta.

Plameiras dioicas, isto é, uma palmeira é masculina e outra é feminina.





Flores: As flores das palmeiras são poucos atraentes por serem muito pequenas. Geralmente desprovidas de colorido vistoso.

As flores são hermafroditas ou andróginas quando tem os órgãos masculinos e feminino na mesma flor.

São unissexuadas masculinas e feminina quando têm apenas um órgão. Estão dispostas de mameira séssil nas raquilas e podem ser solitárias ou em grupos e, nesse caso, geralmente em tríades de uma central feminina circundada  por duas masculinas.


Frutos: Os frutos das palmeiras são muito variáveis no tipo, tamanho, cor, e forma, a ponto de alguns serem dificilmente associados a esta família. Popularmente são chamados  de " cocos"e devido ao tamanho menor, "coquinho". As plantas que os produzem são chamadas" coqueiros".

Os frutos típicos são formados por três camadas mais ou menos definidas.

A camada mais externa ou casca é chamada de epicarpo ou exocarpo, liso espinescente ou escamoso; a do meio, popularmente denominada" polpa " é o mesocarpo, que pode ser de natureza fibrosa ou não, seca, carnosa ou fibroso-suculenta; a interna, que protege a semente, é o endocarpo, que pode ser fino, membranoso, celulósico, espesso ou muito duro, de textura classificada como pétrea ou óssea.

Os frutos em geral são de forma globosa, ovalada, cônica ou alongada. O tamanho é muito variável, desde cerca de um grão de arroz ou de uma ervilha até excepcionalmente grande com peso em torno de 20 kg.


Sementes: A cavidade dos frutos das palmeiras é preenchida geralmente por uma única semente, dura e densa. A forma é variada, arredondada, ovalada, cônica, às vezes alongada. Consiste principalmente no endosperma ou albúmen duro, que é uma massa de tecido nutritivo no qual está embutido o embrião pequeno e mole.

O endosperma é revelado em qualquer semente de palmeira por um corte transversal. Quando o corte o revela sólido, com superfície uniforme, o endosperma é homogêneo.

Quando a superfície é irregular, com divisões ou crescimentos e dobras que penetram no endosperma, este é considerado ruminado, isto é, como se tivesse sido mascado. As ruminações são linhas marrons, cunhas ou lâmina de tecido originário do revestimento da semente, as quais formam um um desenho irregular pelo crescimento ou pelas dobras que invadem o endosperma novo semilíquido ou gelatinoso com a semente em formação.

Um grupo de palmeiras, as cocoídeas ou tecnicamente da tribo Cocoeae, tem o endocarpo que envolve a semente marcado com três furinhos dispostos em triângulos bem visíveis. São os poros de germinação, dos quais dois são duros e um é mole, o que permite a passagem do embrião envolvido durante a germinação.

A forma globosa ou ovalada do endocarpo com as três pontuações lembram o focinho de um macaco, que no português popular antigo era chamado "coco". Essa denominação passou a designar o gênero das palmeiras de diversas espécies de palmeiras, atualmente restrito à apenas uma Coco nucifera (coqueiro da bahia).

As sementes de palmeiras não passam de um período de dormência como as de plantas, mas não resistem ao dessecamento. Perdem rapidamente o poder germinativo. Diversas palmeiras dioicas produzem sementes férteis apesar de não ocorrer a polinização.

Multiplicação de Palmeiras: As palmeiras são multiplicadas por sementes e, de maneira excepcional, por divisão de touceira quando são cespitosas.

As sementes germinam bem quando novas, retiradas de frutos amadurecidos, recentemente colhidos e que não foram guardados por um tempo muito prolongado.

Cespitosas: É um termo botânico que refere-se ao modo como algumas plantas  crescem lançando novos brotos ou caules de maneira aglomerada geralmente formando uma touceira ou espesse tapete.

Multiplicação por divisão de touceiras: Esse processo de multiplicação é utilizado se as palmeiras forem cespitosas, estéreis ou quando são plantas masculinas, bem como se houver interesse na obtenção mais rápida de mudas.

As mudas de palmeiras cespitosas são obtidas por divisão dos caules subterrâneos. Devem vir acompanhadas de porções do rizoma com raízes e caules aéreos. Cada divisão constitui uma muda ou clone.

Multiplicação por sementes: As sementes destinadas à germinação deverão ser previamente preparadas, a fim de que esse processo ocorra melhor e mais rapidamente.
Para isso deve ser retirada a casca e a polpa ( epicarpo e mesocarpo) que envolvem a semente.
É recomendável a higienização das sementes, por exemplo:
Água sanitária diluída em água, numa proporção de cerca de 10% por cerca de 15 a 20 minutos, após o que devem ser levadas copiosamente para a remoção da água sanitária.

As sementes limpas e lavadas são postas à sombra( nunca a pleno sol) para secar. Para serem conservadas por um período de 2-3 meses é conveniente mante-las em sacos plásticos fechados.
Quando destinadas a outras regiões ou países devem ser acondicionadas em sacos plásticos que contenham um pouco de esfagno, musgos de floricultura ou vermiculita  umedecidos para evitar que ressequem.

Semeaduras: As sementes de frutos recém-colhidos, já limpas podem ser semeadas de imediato, o que, acontece em qualquer época do ano. Aquelas que eventualmente forem recebidas de lugares distantes, sem contar com a proteção do esfagno umedecido, provavelmente chegarão muito ressecadas, sendo aconselhável mante-las em uma vasilha com água por tempo  variável, desde algumas horas até um dia inteiro,  avaliando-se para isso seu grau de reidratação.

Meio e local de semeadura: O meio usual de semeadura e de eficiência satisfatória é representado por aria lavada de rio ou substrato estéril, para evitar-se a contaminação por patógenos. Quando semeados em canteiros, estes deverão ter no máximo  1,2 m de largura para facilitar a semeadura e qualquer outro trabalho a ser executado.

A semeadura de palmeiras deverão ser feitas sob telados ou estufas. na impossibilidade deste abrigo, os canteiros deverão ter uma cobertura suspensa para evitar a radiação direta  do sol.

Modo de semear: Ela poderá ser feita em embalagens individuais ou em canteiros e as sementes cobertas  com o mesmo substratos das embalagens ou dos canteiros numa espessura compatível com o volume ou tamanho da própria semente.

As sementes deverão ficar a uma profundidade que corresponde  ao seu próprio diâmetro ou espessura; no caso do uso de areia, para permitir a melhor manutenção da unidade, a camada de cobertura poderá conter a mistura de uma pouco de vermiculita.

As sementes deverão ficar separadas umas das outras a uma distância correspondente  ao seu próprio comprimento. Terminada a semeadura, é feita uma irrigação copiosa com jato leve, repetida periodicamente, de maneira a manter o meio de semeadura sempre umedecido.

Germinação: O embrião das sementes de palmeiras assemelha-se a um batoque inserido no endosperma. Consiste de duas partes envolvidas  por uma folha cotiledonar simples. De uma delas irá desenvolver-se folhas verdadeiras e de outras, raízes.

O tempo necessário para a germinação das sementes depende principalmente da espécie.
Algumas demandam algumas semanas e outras até vários anos.
Influem também a idade das sementes e a temperatura ambiente onde são semeadas .


Flora Brasileira  Instituto Plantarum de Estudos da Flora.

Autor:  Harri  Lorenzi       Arecaceae  ( Palmeiras)







































































































































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